Tramou durante meses. Aquilo virara uma obsessão: tinha de sair com aquela mulher. Colheu informações sobre ela, seguiu-a por um tempo, desvendou-lhe hábitos. Entre outras coisas, descobriu que ela sempre almoçava no conceituado Dórias´s às sextas-feiras. Demorava-se cerca de duas horas, conversando com amigas. E que tinha uma queda por homens “que sabem vencer na vida”.
Com ajuda de falsificações conseguiu um empréstimo bancário. Em posse do dinheiro iniciou o cerco. Sempre vestido impecavelmente, exibindo grifes, abordou-a, pagou-lhe contas, ofertou presentes. Nos dias em que se encontravam, inicialmente sempre no Dórias´s, alugava um carro de luxo, sempre o mesmo, para incutir a idéia de posse.
Um dia, encontrou com um amigo que conhecia o plano:
- E aí? Como andam as coisas? Já conseguiu?
- Estou quase lá! – disse eufórico, arreganhando os dentes como se fosse escová-los.
- Você vai ficar é louco com essa história! E esse dinheiro, rapaz? Como tu vai pagar esse empréstimo?
- Isso se resolve depois. Você a viu. Por uma mulher daquela se faz qualquer coisa! E Ela já está caindo na minha... Estou quase traçando! (esfregou as mãos).
- Bom, quem avisa....
- Deixa comigo. Tu precisavas ver.... (seguiu gabando-se de seu papo)
Chegou o dia. Ela, mais curiosa que encantada, concordou com um encontro. Marcaram para se encontrar à noite. Ele sempre muito gentil, galante. O seu espírito babava, antecipando prazeres. A novidade de uma nova vida – bons restaurantes, jantares, vinhos finos -, também o excitava.
Morava num bairro afastado, freqüentava botecos. Daí, durante todo esse tempo de impostura, evitou os antigos lugares, a fim de não se revelar a farsa. Para a maioria dos amigos, andava ausente.
Que noite! A fúria carnal do primeiro encontro! Extasiou-se. Nesta noite confirmou o quanto desejava aquela mulher. O amanhecer trouxe beijos e elogios durante o café da manhã.
À noite, teve dúvida se ligava pra ela. Algumas vezes chegou-se ao telefone. Não ligou. Dormiu e acordou pensativo. Foi à padaria. Andou um pouco pelo bairro, saudou alguns conhecidos. Tinha que voltar a vida. Arranjar dinheiro. Teve a idéia, voltou a casa.
Sentou-se a mesa, um grande copo de água à frente, tomou tranqüilizantes. Matou-se, cansado de ser ele mesmo.
No recibo do empréstimo bancário encontrado a seu lado, leu-se a sentença: “não existe mais vida, depois do que fiz”. E muitos julgaram ler na mensagem uma prova de arrependimento!
Com ajuda de falsificações conseguiu um empréstimo bancário. Em posse do dinheiro iniciou o cerco. Sempre vestido impecavelmente, exibindo grifes, abordou-a, pagou-lhe contas, ofertou presentes. Nos dias em que se encontravam, inicialmente sempre no Dórias´s, alugava um carro de luxo, sempre o mesmo, para incutir a idéia de posse.
Um dia, encontrou com um amigo que conhecia o plano:
- E aí? Como andam as coisas? Já conseguiu?
- Estou quase lá! – disse eufórico, arreganhando os dentes como se fosse escová-los.
- Você vai ficar é louco com essa história! E esse dinheiro, rapaz? Como tu vai pagar esse empréstimo?
- Isso se resolve depois. Você a viu. Por uma mulher daquela se faz qualquer coisa! E Ela já está caindo na minha... Estou quase traçando! (esfregou as mãos).
- Bom, quem avisa....
- Deixa comigo. Tu precisavas ver.... (seguiu gabando-se de seu papo)
Chegou o dia. Ela, mais curiosa que encantada, concordou com um encontro. Marcaram para se encontrar à noite. Ele sempre muito gentil, galante. O seu espírito babava, antecipando prazeres. A novidade de uma nova vida – bons restaurantes, jantares, vinhos finos -, também o excitava.
Morava num bairro afastado, freqüentava botecos. Daí, durante todo esse tempo de impostura, evitou os antigos lugares, a fim de não se revelar a farsa. Para a maioria dos amigos, andava ausente.
Que noite! A fúria carnal do primeiro encontro! Extasiou-se. Nesta noite confirmou o quanto desejava aquela mulher. O amanhecer trouxe beijos e elogios durante o café da manhã.
À noite, teve dúvida se ligava pra ela. Algumas vezes chegou-se ao telefone. Não ligou. Dormiu e acordou pensativo. Foi à padaria. Andou um pouco pelo bairro, saudou alguns conhecidos. Tinha que voltar a vida. Arranjar dinheiro. Teve a idéia, voltou a casa.
Sentou-se a mesa, um grande copo de água à frente, tomou tranqüilizantes. Matou-se, cansado de ser ele mesmo.
No recibo do empréstimo bancário encontrado a seu lado, leu-se a sentença: “não existe mais vida, depois do que fiz”. E muitos julgaram ler na mensagem uma prova de arrependimento!
* "Don Juan and Haidee", painted by Alexandre Marie Colin, 1883 (imagem)
4 comentários:
Hehe... Não é que o menino leva jeito!
incomensurável!
Josias,
Que beleza! Gostei bastante e agora estarei sempre por aqui.
A propósito, linquei você no Estradar.
Um abraço,
Dimas Lins
Caro Artur, continue conferindo.
Dimas, obrigado pelas palavras e pelo linque! Grande abraço.
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