domingo, 7 de outubro de 2007

O amor de Tadeu

Amava a esposa. Gostava de levar pequenos presentes para ela. Depois da reunião, passou no shopping. Antes de entrar na loja, parou na praça de alimentação, tomou alguns chopes, deu espaço para passar os minutos. Olhou o relógio, pediu a conta.
- Tem o novo disco da Marisa Monte?
- Tem sim, senhor?
- Você pode embalar pra presente?
Pegou o caminho de casa. Na frente do prédio parou ainda uma vez para tomar alguns chopes - precisava beber um pouco e Amanda não o acompanhava. Ela não bebia.
De tempos em tempos, dava uma olhada na direção do portão do edifício. Estava um pouco cansado. Mais uma meia hora, de soslaio, percebe um vulto na portaria. Não quis olhar; em geral, nunca olhava. Pediu a conta e saiu.
Entrou no seu apartamento, mobiliado com tanto gosto! Amanda sai do banheiro, enrolada numa toalha, cabelos molhados, linda.
- Oi Ta, tudo bem?
- Tudo. Um pouco cansado, só.
- O que é isso?
- Pra você.
- De novo - diz ela, abrindo o presente com um sorriso nos lábios. Deu um beijo rápido em seu rosto.
- Não precisava. Você e sua mania de me dar presentes. Mas, obrigada!
Tadeu se vira, seu olhar repousa na cozinha. E lá na pia, desavisado, um copo com o resto de uma dose de whisky.
- Vou tomar um banho. A reunião foi um saco.
Algumas ruas dali, um vulto sorri saciado, meio irônico, no prazer de enganar e de agir escondido.

2 comentários:

Paulo Aguiar disse...

Geó,
Enquanto TaDeu..
Outro TáDando... literalmente.

Josias de Paula Jr. disse...

Pois é. E pela história se vê que por ela o que TáDado Tá dado...