O fugitivo
Foge
impulsionado pelo medo,
e por aquilo
que o persegue.
Há tanto tempo
foge,
que não distingue mais perigos
nem rastreadores.
Se possível
teria ao mais absoluto recôndito,
sem som e sem luz,
e ali viveria feliz.
Mas não há tempo
para procurar
seguros esconderijos.
E por isso corre
e corre
e corre
e se esgueira...
E o desacerto dos passos
o cansa.
Até que o vem poupar a morte!
E, por fim,
o fim do mistério.
Daí descobre, aparvalhado,
que a vida que lhe fora um refugo
não era a obra de um deus
ou de um cínico diabo;
e do flagelo dos dias seus
fora ele próprio o vil verdugo.
2 comentários:
Camarada,
Lutando contra a inconsistência da minha internet, que ora fica, ora vai, encontro essa reflexão poética que revela ante a morte o fim de um mistério: o algoz de si próprio.
Bonito, como sempre.
Um abraço,
Dimas
muito bom, tb. sobre o nada da vida, mas sem escatologias ou fugas. só não gosto - mas aí é estilo - da repetição de "fim", "por fim", e de um tal "esparvalhado". "verdugo" cai bem, no fim...
Postar um comentário