terça-feira, 22 de abril de 2008

Poema



Fujo do sol e do antélio

e dos fáceis gozos me enjôo;

nem almejo pretensos vôos,

tal Ícaro vil e funéreo.


Não quero festins e palácios.

O meu desejo, as saturnais

não mitigariam, jamais,

nem me livrariam do asco.


Também não me basta migalha

nem sobras de um mundo abjeto.

A Cristo e Deus lanço o repto

que a um tonto servil não calha:


“- Não venham enganar com esmolas!

- Se afastem, pois mortos estão!

Se não me fazem Salomão,

vão às favas sem mais demoras.”


Deus que põe em tudo que observo

Dianas vestais, como isca.

Teatro a todos da à vista:

a morte por cães como cervo.


Mas não sou Ateão pateta

para fugir a minha caça;

não troco por belas trapaças

minha alma rude de asceta.


Não sou ávido nem estóico.

Sou pedra, ao vento lixada;

que com a alma infatigada

resiste ao destino despótico.

5 comentários:

Silvia Góes disse...

...
silêncio...
repleto...
beijos
silvia

Anônimo disse...

Sempre eloquente com seus versos, ando com dificuldades de comentar teus poemas. E esta dificuldade não vem por outro motivo senão por conta da completude das suas palavras.

Leio e não vejo nada a acrescentar; e reflito e não tenho nada a discutir. Resta-me então a contemplação, e a certeza de enxergar em cada verso, posições tão bem definidas, onde o personagem sabe bem o seu lugar. E não se deixa seduzir pelas tentanções ou pelos atalhos.

Certo ou errado, o personagem sabe o que quer e prefere manter a sua alma intocada a abrir mão dos valores que lhe são caros.

Perfeito.

Dimas

Anônimo disse...

Geó, cacete, da próxima vez escreve em português...

...(esse meu doutorado não serviu de nada pelo jeito)...

Bete tá aqui do lado, chorando... ela entendeu a ¨pedra lixada pelo vento¨.

abraços!!

Anônimo disse...

Depois da ternura, uma certa dureza...Assim como seu amigo, Paulo Aguiar, tenho dificuldade com as palavras dificeis...Ou será que é pq são duras? Se cuida! "Lola"

A Autora disse...

Tô com Dimas e não abro. O texto é lindo e completo, perfeito para ser admirado, absorvido. E nem tem mais o que dizer, Poeta!