sexta-feira, 4 de abril de 2008

Poema



Trapézio

Solto no incerto,
salta.
Mãos no vazio,
nada por chão.
Antes do encontro esperado
e redentor,
um salto mortal.
Seria ilusão de vista
o ato do trapezista?
Voa,
ausente de tato.
Perfaz um arco descendente,
cai -
descuidado qual estrela cadente?
Seguem segundos,
surdos.
Frêmitos mudos.
A vida jogada ao acaso,
sustida pelo hábito.
Tocam-se mão e madeira: aplausos.
Segue o show, muda-se o palco.

Na platéia, eu, com a alma contida,
Percebi no espetáculo minha vida.


10 comentários:

Anônimo disse...

SE O POETA FALAR NUM GATO

Se o poeta falar num gato, numa flor
num vento que anda por descampados e desvios
e nunca chegou à cidade...
se falar numa esquina mal e mal iluminada...
numa antiga sacada... num jogo de dominó...
se falar naqueles obedientes soldadinhos de chumbo que
[morriam de verdade...
se falar na mão decepada no meio de uma escada
de caracol...
Se não falar em nada
e disser simplesmente tralalá... Que importa?
Todos os poemas são de amor!

Anônimo disse...

O poema é de Quintana...

Ana Areias disse...

mais uma linda peripécia!
lindo!

Anônimo disse...

num segundo um olhar avista outro...um segundo que dura um século...vc fica o outro segue...nada....apenas um tempo inconcluso

Serbão disse...

é um alento entrar no teu blog e ler bons textos.
muito bom.

Léo Mariano disse...

olá Josias.

Rapaz, falar que gosto é chover no molhado. Que descrição!!! :D!

Silvia Góes disse...

lindo, lindo, lindo!
sim, é uma pena que não nos conheçamos pessoalmente, mas as tuas poesias me dizem tanto.
vai um beijo de admiração
silvia

A Autora disse...

Poeta,

Seus últimos 'inscritos' estão me deixando com nó na garganta. E com dificuldade de comentar, já que está tudo mais que dito.
É isso, Grande. Vou garantir o autógrafo enquanto a fama não vem.

Anônimo disse...

Geó,

Já havia lido o texto e não comentei pelos mesmos motivos de Cláudia, pois às vezes fica difícil o que dizer.

Mas como não dizer nada diante de tanta beleza?

É lindo quando o poema sai do picadeiro e encontra na platéia o seu verdadeiro significado.

É isso, poeta camarada.

Dimas

aecio disse...

só!!!