terça-feira, 1 de abril de 2008

Poema


Estalactite

Como desenho de gruta,
Me precipito do espaço.
Engenho frágil, mortiço.
O nada me faz percalço.

Se caio me desfaleço.
Se fico, por que padeço?

Fome de chão e de teto.
Algo em meio,
Pendido.
Desvio de quantos ecos:
Que sorte me serve de abrigo?

Vaticinado de berço
Pra nada, furtiva vaidade.
Anátema da gravidade
(brinquedo do peso e da vacilação!),
meu ser encerra um enigma:
enquanto sonho de pedra:
inconcluso;
se me completo, pereço.

qual fosse um cadente astro
trafego em finito rastro!

28.04.06
6:00h
João Pessoa.
Sobre o quadro:
Estalactite, de Dalton Luiz

2 comentários:

Jonatas disse...

Muito, muito bom, colega.

Ana Areias disse...

como inscritos em pedra, achados preciosos, frágeis, entre o chão e o teto...é lindo!