O pulo do gato
No chão
o gato
às vezes
é caça
Às vezes
é o cão
que força
o salto –
o cão
em sua
raiva atávica
Ao gato
no escuro
resta o pulo
e a segurança
do muro
Mas
quem se guarda
detrás
do muro,
de outro mal
se esquiva
e improvisa
sobre o tal
uma nova
cerca
Com a qual
o gato
em sua fuga -
suspensão
do corpo e da vida -
fará contato
Une
o destino infame:
o medo do dono
do muro
e o medo
do gato
do cão -
E a pele e o arame
no toque,
no choque
que é o fim:
eletrocução
7 comentários:
Pobre gatinho: morreu do medo!
Poesia é ritmo, também. Pensam que é fácil? Bom, não é fáci. Nem todos nascem Pelé ou Garrincha, como não há em toda esquina um Drummond ou um Murilo Mendes. Josias, mais um gol de placa com esse gato humano morto pelo medo de não seguir adiante (apesar das pedras e etc).
Que maravilha, Josias!Lindo, com um movimento bem mesmo no ritmo do pulo do gato. Chegamos a visualizar o gato, seu pulo, o cão, o muro, a cerca, a eletrocução.
E como este poema se encaixa em tanta coisa... Eu, que adoro metáforas, este bem que poderia servir de reflexão às autoridades que "cuidam" da segurança pública, ou mesmo, a todos nós. Essa região onde os medos se encontram, normalmente pode ser em cima do muro. Lugar este que não podemos ficar, sob pena de sermos - cidadãos comuns - eletrocutados.
Abraço.
Magna
oi Josias.
Dei um tempo pro dança. Tempinho de Refresco. Agora escreve devagar em outro blogue, de nome Tresh.http://tresh.blogs.sapo.pt/
Apareça lá, meu bom.Mas jpa aviso é bem devargazinho.
quanto a vc? que sequência depoemas de estourar o peito. Essa do gato está da pontinha da orelha.
Vai já pro reader :D
abs
"quem se guarda
detrás
do muro,
de outro mal
se esquiva".
Genial, Poeta. Talvez por acaso, é a lição que eu estava precisando agora. Muito obrigada.
Muitas vezes ao dia me sinto como o gato: encurralada entre um cão e uma cerca eletríca. Belas palavras!
Esse mundo é mesmo cão
O gato encerra a cena
E o leitor, à dura pena,
Assiste a eletrocução
Geó, poeta e exterminador de gatos. hehehe
Dimas
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