Dísticos de fim de tarde
Neste momento a luz se põe na folhagem
Lembrando que o tangível é uma miragem
O sol outorga o final de mais um dia
E espalha a violácea melancolia
Meus gestos são engodos, meu rosto máscara
Capas a me proteger da vida áspera
Se me esgueiro da rotina que oprime
Ao meu alheamento se imputa um crime
Sou minha sombra animada, ser que se oculta
Insurreto covarde que teme a luta
E se julgo à tristeza passar imune
A solidão me assalta e crava e pune
5 comentários:
Taí um poema que, embora preso ao cânone da métrica, petrifica e prende pelo "sentimento pensando", que grita a inescapável condição da falibilidade humana, traduzida na solidão nossa de cada dia e a inevitável crença de que, por mais que façamos, estamos ou estaremos sós. É preciso seguir com sua literatura, Josias. Não podes parar.
Teu poema me fez lembrar dos meus fantasmas interiores...'aqueles que não estão ao redor, que não dá pra espantar com um riso ou um tapinha nas costas'.
Como a sombra diz muito da gente, não?
Muito grata pelas palavras, Josias. Gosto muito desta troca sincera, a única mesmo que acrescenta.
Grande abraço.
Magna
Obs.:também espero que não se importe, mas teus Inscritos também acabam de alojar-se em Sementeiras.
Já pensaste como a Internet cria uma rede de palavras que ecoam? O Estuário me levou ao Estradar que me levou aos teus Inscritos em Pedra, as Sementeiras juntaram-se a tudo isto e creio... bons frutos saem desta troca. Teu poema é lindo. Voltaste com a bola toda.
Lembrei do Álvaro de Campos do Desassossego de Pessoa...
"Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu."
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