sexta-feira, 22 de maio de 2009

Citações


Ele é, com certeza, um dos maiores poetas brasileiros da última quadra. Possui amplo domínio das formas, riqueza imagética e rítmica. Em um ambiente impregnado da superficialidade "pós-moderna", sua obra resta como um exemplo de força e rigor criativos e, sobretudo, de respeito pelos seus leitores. Nos próximos dias publicaremos alguns poemas de sua lavra. Quem é tal poeta? Alexei Bueno.
Segue uma primeira prova, um soneto:

O Velho

Este, que dormir pode em plena rua,
Na tarde ondeante, à beira dos passantes,
Este sim, pôde se livrar da sua
Infãncia clara e dos seus sonhos de antes.

Imundo, em meio às tranças transbordantes
Armadas pelo que o seu corpo sua,
Como num leito oculto em véus brilhantes
Sonha, soberbo, enquanto o sol recua.

Maior que os outros na cidade
Que freme, uma terrível majestade
Lhe orna a face, impossível de ofender.

Se um povo já houve ali, não há mais nada.
E ao erguer-se, talvez na madrugada,
Nem um rosto haverá para o esquecer.




11 comentários:

A Autora disse...

Clap, clap, clap.
Do carai.
Qual o endereço do blog do rapaz?

Josias de Paula Jr. disse...

Ana, ao que eu saiba, o camarada não possui blog. É escritor já de vários livros e razoavelmente consagrado. Mas, como disse, não sei se está ativo na blogsfera.

Unknown disse...

É um Poeta de nomeada, o Alexei. Mas um tanto quanto preso ao formalismo, que em minha opinião, engessa mais do que acrescenta. Não o diria um epígono tardio da geração de 1945, mas sim um perseguidor de uma poesia mais afeiçoado à construção do que já existe. Sua atuação como editor da Nova Aguilar também merece registros.

Unknown disse...

Josias, como citação e contribuião ao seu blog, trago à baile belo poema da lavra do nosso Alberto da Cunha Melo:

"FORMAS DE ABENÇOAR

Fique aqui mesmo, morra antes

de mim, mas não vá para o mundo.

Repito: não vá para o mundo,

que o mundo tem gente, meu filho.



Por mais calado que você

seja, será crucificado.

Por mais sozinho que você

seja, será crucificado.



Há uma mentira por aí

chamada infância, você tem?

Mesmo sem a ter, vai pagar

essa viagem que não fez.



Grande, muito grande é a força

desta noite que vem de longe.

Somos treva, a vida é apenas

puro lampejo do carvão.



No início, todos o perdoam,

esperando que você cresça,

esperando que você cresça

para nunca mais perdoá-lo. "

Unknown disse...

Mais um de Alberto:
'
CASA VAZIA

Poema nenhum, nunca mais,
será um acontecimento:
escrevemos cada vez mais
para um mundo cada vez menos,

para esse público dos ermos
composto apenas de nós mesmos,

uns joões batistas a pregar
para as dobras de suas túnicas
seu deserto particular,

ou cães latindo, noite e dia,
dentro de uma casa vazia."

Noé disse...

Grato pela visita e elogio. Sim, claro, pode adicionar o link.
Abraço,
Noé.

Magna Santos disse...

Este velho bem que poderia ser também o mesmo da Boa Vista.
Não conhecia o poeta.
Abraço.
Magna

Flor-Gisa disse...

Oi Josias vim agradecer pelo seu carinho, muito obrigada,fiquei muito feliz por ter me blogado aki...Tenha um aótima semana.!
Abraços

£zterliu disse...

Josias, pelamordedeus, volta a postar e num me avisa? caramba!!!
... gostei da sua visita e dos comentários... troquemos figurinhas então né? bejim.

Josias de Paula Jr. disse...

Caro Jonas, após publicar mais alguns poemas de Bueno, escreverei algumas linhas sobre poética, composição, forma e estilo em poesia, a partir do teu comentário. É sempre bom poder debater sobre o assunto - sobretudo com quem é apaixonado por literatura.

ps: O Alberto Cunha Melo faz parte de autores que serão publicados aqui.

Um abraço.

Unknown disse...

Valeu Josias! Eu que sou - graças ao Dimas - um leitor assíduo dos seus escritos, já estou a postos. Vamos em frente. Depois vou selecionar pelo menos uma parte dos poetas e poemas que mais admiro. Forte abraço.
Ps - Hoje foi um dia bastante triste para a crônica esportiva de pernambuco, pois faleceu Adilson Couto. Creia-me, Jonas, era um ser humano de primeira, formidável, sem maldade nenhuma. Estou triste. Mas a vida segue.