Foge
impulsionado pelo medo,
e por aquilo
que o persegue.
Há tanto tempo
foge,
que não distingue mais perigos
nem rastreadores.
Se possível
teria ao mais absoluto recôndito,
sem som e sem luz,
e ali viveria feliz.
Mas não há tempo
para procurar
seguros esconderijos.
E por isso corre
e corre
e corre
e se esgueira...
E o desacerto dos passos
o cansa.
Até que o vem poupar a morte!
E, por fim,
o fim do mistério.
Daí descobre, aparvalhado,
que a vida que lhe fora um refugo
não era a obra de um deus
ou de um cínico diabo;
e do flagelo dos dias seus
fora ele próprio o vil verdugo.