quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Poema


Ser e Tempo

É a poeira do tempo
que fabrica as coisas:
pedras, vermes, lodo,
que o tempo faz em pó.

A argila criadora
molda-se pelas mãos
dos dias; na solda
das horas vazias.

Muda-se o plano, eis
o assomo da morte:
rachadura e corte no
barro oco da vida.

O tempo tudo abarca –
casca das coisas,
esqueleto deletério
de entes degradáveis.

As coisas são a
concreção em mistura
do pó e éter temporal:
conluio de abertura e fim.

Se nada é fora do tempo -
sonhos, assassínios e deus -,
rói os ossos dos segundos,
os parcos farelos que são teus.

2 comentários:

Sofia disse...

ta muito bonito esse! tuas poesias são lindas! mesmo. beijo

Anônimo disse...

Geó,

Belas palavras e com sua marca registrada que é a erudição.

O leitor que não espere facilidade no emprego das palavras e na construção dos versos que você usa.

Aqui não há uso de versos fáceis ou de construções diretas, o que torna a poesia ao mesmo tempo misteriosa e reveladora.

Aproveito para lhe dar os parabéns e deixar o meu abraço pelo seu aniversário.

Você merece ser chamado de poeta.

Um abraço,

Dimas