sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Poema


A quem amarei


Vem de alguma parte minha nutriz;
ao meu encontro vem, do ermo errático,
do futuro sondado pelo oráculo,
pois me conformo a ti, dobro a cerviz.

Vem prover prazer a um solitário
que te busca a esmo, sem descanso;
vem dar ao rio revolto remanso,
e ao frio oceano terno estuário.

Vem de alguma parte mina nutriz,
pois sem ti sou nau singrando à deriva,
inconcluso, a metade de uma ogiva:
sou ave migrante sem a retriz.

Que seja a vinda de um porto distante,
ou da próxima esquina; mas não tarde.
Vem, pois no presente minha alma arde,
e dissolve-se para ter-te amante!

3 comentários:

Anônimo disse...

Geó,

Demorou, mas voltou em alto estilo. Por muito pouco não deixou uma mensagem de protesto pela parada obrigatória e um tanto forçada pela falta de internet.

Agora é tirar o atraso.

Um abraço,

Dimas

Anônimo disse...

Achei fantástico, chegou a doer na alma. E como diria outro grande poeta: "Mas se amo os teus pés é só porque andaram sobre a terra, sobre o vento e sobre a água, até me encontrarem" - Pablo Neruda-
Se ainda nao encontraste a tua nutriz vai ver que é porque faltas caminhar mais um pouco.

A Autora disse...

Géo ou Josias?

Cara, muito bom! voltou com tudo, hein? Ainda bem, estávamos sentindo a falta!
O poema está lindíssimo!
Parabéns, e vê se da próxima vez que pensar em tirar folga do blog, combina com a gente o tempo, tá? Hehehe.