quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Poema


Pão de cada dia

Meu desigual
que vens de longe,
do ermo bairro
pintado a cal.

Com o riso aberto
de dentes podres,
e toscas vestes
e o passo incerto.

Vem pro trabalho
que eu não faria;
dia após dia
recebe o malho

que não me cabe,
pois sou nascido
de outra cepa.
É então debalde

que te aflijas
pra que eu divida
o imerecido
de teu calvário.

Lá de teu sítio,
triste e malsão,
vem pro trabalho -
tunda e suplício.

Deixa teus ratos,
filariose,
teu lar inóspito,
tua tíbia raiva.

No escuro da
noite, cansado,
em teu tugúrio,
és agitado:
pois no espúrio pesadelo
tremes de medo e anseio
em te supor acordado.

3 comentários:

Anônimo disse...

É disso que eu falo, Geó. Não sei escrever poemas. Só escrevi um, na crônica Poeta Morto!

E mesmo assim não dá pra comparar. Fico com inveja, contando as rimas, contando os versos, contando a sina. Contando o traço, contando o passo, contando o acerto, contando a trilha.

Meu velho, você escreve muito.

Um abraço do amigo e fã,

Dimas

A Autora disse...

Josias,
Pedi a Papai Noel um talento desses, igualzinho ao seu. Acho que fui uma menina muito má, porque no Natal eu só ganhei ressaca.
Cara, você escreve demais!

A Autora disse...

Pedi a Papai Noel um talento desses, igualzinho ao seu. Acho que fui uma menina muito má, porque no Natal eu só ganhei ressaca.
Cara, você escreve demais!