quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Poema


"A persistência da memória", Salvador Dali


Como quem perdido em encruzilhada



Como quem perdido em encruzilhada,
vaga esse amor abléptico e errático.
Tétrico fantasma a lançar repto
à sina que ao sonho finda, esmaga.

Transpõe, equívoco, a linha tênue
do umbral da morte; contudo em seguida,
qual zumbi de cemitério, à vida
volta pra errar entre gente e lêmures.

Em árido confim tal morto-vivo
plange, condenado por tribunal
oculto; vulto a pagar por mal
incerto, ente fadado ao castigo.

E infringiu qual desumana cláusula
esse amor, atrativo de entreato?
Quem inspirou sua alma retrátil
a ter o pó dos dias em clausura?

13 comentários:

Canto da Boca disse...

Belíssimo canto de exortação, de expurgação, quem sabe? Apesar da ode à dor, ao desamor, por um lado, é lindo como só os poemas paridos da dor, soem ser.
E fiquei divagando diante do "tribunal oculto", que ainda é mais corrosivo do que as coisas visíveis, porque são esses que nos condenam à mais abissal profundeza do mundo gris e escuro.
Mas a luz do sol há de chegar por alguma greta subversiva, porque a vida tem esse caráter de transitoriedade, ainda bem!

Um beijo, poeta!

;)

PriX disse...

Acho bem interessante a forma como você retrata o amor, apesar de ter sempre a sensação de que você pinta o amor em tons cinzas. Não sei, pode ser apenas uma impressão um tanto quanto distorcida, mas ainda assim gosto muito. Dá pra perceber que suas palavras brotam do fundo do teu ser, são carregadas de sensibilidade,uma sensibilidade que toca em cheio no leitor. Parabéns moço, poucas são as pessoas que conseguem pôr em palavras sua alma.

Abs.

Unknown disse...

Josias,

Esse poema traduz a herança da modernidade, o universalismo temático, o senso de medida do verso e a dicção literária coerente com o conceito de poesia como arte, caracterizado pelo ritmo e pelo sentido.
Abraços

Luna Freire disse...

Nossa! Essa é bem Álvares de Azevedo... (Confesso que tive que recorrer a painho Aurélio para incorporar a palavra abléptico ao meu dicionário pessoal)

Marino Abreu disse...

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Magna Santos disse...

Há poemas que guardam canções, as quais podem nem ser correspondentes ao que pensava o poeta.
Com teu poema cantarolei uma antiga música de Fagner(Revelação): "...sentimento ilhado, morto, amordaçado, volta a incomodar".
Abraços.
Magna
Obs.:dias atrás, acho que andei te "castigando" com um jornal em forma de email, não foi?

PriX disse...

Boa tarde, colega!
Andei um pouco ausente daqui, mas tô de volta e a espera de um novo post seu, viu?

Beijos

Magna Santos disse...

Cadê você, camarada? Estamos sentindo falta.
Abraço.
Magna

Anônimo disse...

Josias,


Se existe algo que podemos admirar nas pessoas, essas são as palavras ditas pelo coração!


Parabéns pelo Blog, pela sua poesia !!!!


Abraços !!!!

Anônimo disse...

Ops ... Comentário anterior feito por mim:)


André Tricolor Virtual !!!!

Magna Santos disse...

Se te falta tempo de escrever aqui, seria pedir demais que tu desses uma chegadinha nas terras de Sementeiras. Publiquei uma besteirinha e acabei citando o teu nome lá. Quero tua opinião, quem sabe, salvação.
Abraço.
Magna

Silvia Góes disse...

belo, belo!!!!!

Silvia Góes disse...

com imenso carinho também descubro que o poeta que costumo visitar aqui é o Geó que já tanto ouvi falar e também tantas vezes vi por aí...

um beijo no coração