quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Poema


Das "Romantic Ruins Paintings"
Arnold Böcklin (1827-1901).

Ruína


Tua forma destroçada pelos anos

conta a história da vida.

As rachaduras: cicatrizes da alvenaria.

A ferrugem: delírio dos metais.


Até quando, assolada pelo vento,

resistirá tua estrutura?

Quando tombarem tuas cariátides,

que mais serão, tuas pedras,

que meras lápides de musgos?


Pelas frestas e flancos abertos

insinua-se a tortura infame dos dias.

Ah! Pobre ruína!


E vai-se teu fundamento.

Ocultas algum mistério?

Ou és, como parece,

abrigo do nada?


Dejeto do tempo,

pobre ruína,

minh´alma!